Equador: Um completo caos, mas a vaga veio

Uma das seleções que vão ter motivos de sobra pra comemorar a participação na Copa do Mundo do Qatar é o Equador. O grande motivo? Ele seguiram quase que rigorosamente a cartilha para NÃO se classificar, mas conseguiram uma vaga para a competição, e ainda com a honra de disputar o ”jogo de abertura” – que nem será o de abertura em si – contra o time da casa.

O país, que ficou ausente da Copa do Mundo de 2018, apostava no passado do treinador responsável pela primeira ida a competição, em 2002. Só que deu tudo errado.

2019: A aposta no passado e o vexame (previsível) no Brasil

O Equador começou seu ciclo apostando na história. Hernán Dário Gómez reassumiu a seleção do país no ano de 2018, 14 anos depois de sua saída, ocorrida em 2004. ‘El Bolillo’, como é conhecido, foi o treinador responsável pela primeira classificação do país para um Mundial, em 2002.

Vindo de um 2018 com apenas uma derrota (mas essa precisa ser vista com atenção, pois foi para o mesmo Qatar que irá encontrar na estreia da Copa – eles perderam por 4 a 3), o time apostava que o time renderia, sobretudo na Copa América de 2019, uma das duas que ocorreu no Brasil durante esse ciclo.

Só que a história foi completamente inversa. Foram quatro partidas sem vitórias, com dois empates (contra Honduras e Venezuela) e duas derrotas (para Estados Unidos e México), que fizeram as expectativas diminuírem.

Dito e feito. O Equador fez uma péssima Copa América, com duas derrotas para Uruguai (4 a 0, no Mineirão) e Chile (2 a 1, na Arena Itaipava Fonte Nova), e um empate contra o Japão, que não foi com a seleção principal, mas com mescla entre principal e sub-23, visando os Jogos Olímpicos de Tóquio (1 a 1).

Assim, El Bolillo foi demitido, e o time passou a ser comandado – pela segunda vez em três anos – pelo argentino Jorge Célico, que é responsável pelas seleções de base. Neste período, vieram resultados bons, como as vitórias contra Bolívia e Peru, mesmo tendo sido goleado por 6 a 1 pela Argentina.

No total, foram 12 jogos, com três vitórias, três empates e seis derrotas.

2020: Caos no começo, resultados no fim

Todos sofreram com o período pandêmico, causado pela Covid-19, mas o Equador (futebolisticamente falando) foi um caso a parte.

No começo daquele ano, a seleção – buscando ares de renovação, destacado inclusive na troca do escudo da Federação local – trouxe Jordi Cruyff, filho do holandês Johan Cruyff e que estava comandando o Chonquing Lifan, da China, para comandar a seleção equatoriana, em um projeto ambicioso por parte do novo presidente da entidade, Francisco Egas.

Só que isso durou pouco tempo. Em abril, o Cômite Executivo da Fed.Equatoriana de Futebol questionou os gastos feitos por Egas (um dos gastos seria com os salários de Cruyff e comissão técnica), e ele foi removido da presidência da entidade. A Conmebol se colocou favorável a Egas, que era reconhecido como presidente da Federação.

Não tinha como Cruyff permanecer no cargo, e ele saiu em Junho, cobrando apenas dois meses de salário, e sem comandar um treino sequer na seleção equatoriana. E lembremos que tudo isso, no meio da pandemia.

O substituto de Cruyff foi um treinador bem mais experiente. O argentino Gustavo Alfaro havia sido demitido do Boca Juniors no fim de 2019, e aceitou comandar a equipe.

Sob seu comando, o time fez um ótimo início de eliminatórias. Perdeu por 1 a 0 para a Argentina fora de casa, mas goleou Uruguai (4 a 2) e Colômbia (6 a 1) em casa, além de uma importantíssima vitória contra a Bolívia (3 a 2), jogando em La Paz.

Foram quatro jogos, com 13 gols marcados e 6 sofridos. Após tantos problemas extra-campo, parecia que a equipe encontrava um rumo.

2021: Filme repetido?

Depois de tantos problemas nos últimos dois anos, o torcedor equatoriano queria paz e tranquilidade. Mas a seleção não ajudava.

Após a vitória contra a Bolívia em um amistoso em Março, foram simplesmente sete partidas sem vitória.

A sequência de tropeços começa com uma – previsível – derrota para o Brasil (3 a 2, jogando no Beira-Rio), mas uma derrota meio impensável para o Peru, jogando em Quito (2 a 1), em jogos das Eliminatórias.

Na ‘Segunda Copa América Brasileira’, o time equatoriano também não conseguiu vencer contra Venezuela, Peru e Brasil (2 a 2, 2 a 2 e 1 a 1, respectivamente), além de uma derrota no jogo de estreia para a Colômbia (1 a 0).

O time ainda se classificou para as quartas de final, em um grupo de cinco equipes, onde se classificavam quatro. O Equador foi justamente o 4ºcolocado, e caiu frente a Argentina, por 3 a 0, jogando em Goiânia.

A vitória contra o Paraguai (2 a 0) foi importante, mas o empate sem gols cedido contra o Chile, jogando em Quito, era um novo sinal de alerta. Outubro não serviu para diminuir a ansiedade, pois ao mesmo tempo que venceu a Bolívia em Quito, e empatou sem gols fora de casa, com a Colômbia, o time conseguiu perder para a Venezuela, jogando em Caracas.

Com isso, a rodada de Novembro seria decisiva, com direito a um provável ‘confronto direto’, contra o Chile, em Santiago. Depois de ter vencido a Venezuela em Quito, o Equador foi encarar a ‘Batalha de Apoquindo’.

Sem poder atuar no Estádio Olímpico de Santiago, por conta da remodelação para receber os Jogos Pan-Americanos de 2023, a aposta foi no Estádio San Carlos de Apoquindo, que recebe os jogos da Universidad Católica, e que em outubro, havia recebido Paraguai e Venezuela, ambas com vitórias categóricas (2 a 0 e 3 a 0, respectivamente).

Só que, desta vez, a aposta chilena não deu certo, e o sonho de uma reação chilena rumo a Copa foi embora em questão de 13 minutos. Este foi o tempo que o Equador abriu o placar, e depois, um dos principais atletas chilenos, o volante Arturo Vidal fora expulso.

Pervis Estupinãn, sobrinho de Jorge Guagua, fez o 1ºgol na histórica vitória sobre o Chile, que encaminhou o retorno equatoriano para uma Copa, após a ausência em 2018 (Crédito da Foto: EFE)

Depois disso, foi uma questão do Equador controlar os seus nervos, e garantir a vitória, com outro gol, já nos acréscimos da segunda etapa. Foi esse 2 a 0 em plena Santiago que sedimentou de vez o caminho equatoriano para retornar a uma Copa do Mundo.

Em 2021, foram 18 partidas, com 6 vitórias, 6 empates e 6 derrotas.

2022: Ainda sem vitórias

Estes pequenos períodos de estabilidade, além de uma eliminatória altamente equilibrada, apenas com Brasil e Argentina destoando das outras seleções, ajudaram o time equatoriano a chegar em 2022 com uma ‘mão e meia’ na vaga.

Tanto que, até o momento, o time não obteve nenhuma vitória este ano. Foram três empates, todos por 1 a 1, contra Brasil, Peru e Argentina.

Os jogos contra Argentinos e Brasileiros foram no Equador (contra o Brasil, a partida foi em Quito; já contra os argentinos, a partida foi em Guayaquil, cidade que fica na altura do mar, sem interferência de altitude), enquanto que o jogo contra o Peru foi disputado em Lima.

Além disso, o único tropeço acabou sendo relevado pelos equatorianos. Mesmo tendo perdido para o Paraguai, a equipe havia conquistado a vaga para a Copa, graças a vitória do Brasil contra o Chile, na penúltima rodada.

Ao menos, os equatorianos vão ter a oportunidade de tentar repetir a campanha de 2006, quando o time chegou as oitavas de final.

Atletas ‘garantidos’ na Copa

No gol, podemos ter dois atletas garantidos: o argentino (naturalizado equatoriano) Hernán Galindez deve ser o titular, colocando Alexander Domínguez – antes titular incontestável – no banco.

A defesa já deve ter algumas garantias, como as dos laterais Pervis Estupinãn (esquerda) e Ángelo Preciado (direita). Outro nome incontestável na futura lista de Alfaro será o de Piero Hincapie, zagueiro do Bayer Leverkusen e que ganhou muito espaço nos últimos doze meses. O seu companheiro na zaga deve ser Félix Torres, do Santos Laguna. Arboleda? Deve ser opção no banco, mas precisa garantir sua vaga.

Indo para o meio-campo, Moises Caicedo e Carlos Gruezo já são nomes praticamente garantidos por terem atuado em mais partidas, mas ambos atuam auxiliando mais a defesa. O problema é que o time não consegue encontrar peças confiáveis para armar jogadas de gol, logo esse setor fica sendo uma incógnita.

Finalmente, chegamos ao ataque, que deve ter o experiente Enner Valencia, além de Michael Estrada, que fora um dos responsáveis pela improvável vaga equatoriana para a Copa do Mundo do Qatar.

Apenas para terminar o texto, uma doce lembrança: Vocês lembram que o Equador apostou na história de Hernán Gómez? Pois bem, a própria história trouxe outro personagem: Pervis Estupinãn, lateral que deve jogar o Mundial, e que fez o 1ºgol na decisão contra o Chile, é sobrinho de Jorge Guagua, zagueiro da seleção equatoriana nas Copas de 2006 e 2014.

Expectativa: Briga com Qatar e Polônia pela 2ªvaga no grupo A

Jogos do Equador:

21/11, 13h: Qatar x Equador;
25/11, 13h: Holanda x Equador;
29/11, 12h: Equador x Senegal.

Crédito dos dados de pesquisa: National Football Teams

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